Durante o evento Oracle OpenWorld, em San Francisco na Califórnia, ficou claro que a Oracle quer que seus clientes comecem a migrar para a nuvem, não apenas testá-la, mas para concretizar um compromisso de produção de longo prazo. Ah, e é claro que essa nuvem de migração é a nuvem Oracle.
“A transição para a nuvem é uma mudança geracional, é um grande negócio, assim como quando os computadores apareceram no dia a dia e depois os minicomputadores e mainframes“, afirmou Larry Ellison.
Ele soou grave: a Oracle não está apenas criando alternativas de nuvem para seus produtos. Eles querem convidar os clientes a tirar proveito de seus novos serviços e juntar a próxima geração da computação – antes que seja tarde demais.
Caso você não tenha percebido, existe agora o Oracle Infrastructure, a Oracle Platform, o Oracle Software e pelo menos uma dúzia de outros serviços que levam na denominação à palavra Cloud, ou nuvem, se preferirem. Ah, podemos incluir também o Oracle Analytics Cloud, o Oracle ERP Cloud, o Oracle Planning and Budgeting Cloud, o Oracle Customer Experience Cloud e o Oracle Higher Education Cloud, entre outros.
O CEO Mark Hurd quer muito que a Oracle seja identificada como uma fornecedora de nuvens legítimas e, com isso, quer que o negócio todo se mova para as nuvens. Não importa que, em outubro de 2009 Mark Hurd, então CEO da HP, balançou a cabeça de forma incrédula depois de uma experiência ruim em uma reunião de CEOs. Na ocasião, ele concluiu que é preciso de outra palavra além de “nuvem”.
Agora, se você está procurando uma razão pela qual a Oracle pode estar nervosa, você deveria consultar o artigo de Cade Metz, publicado em 12 de outubro, que diz: “HP, Cisco, Dell, EMC, IBM, Oracle… Pensem neles como os mortos andando”.
A principal explicação dada é que eles estão ficando obstinados por novos serviços em nuvem e não respondem rapidamente o suficiente. Você definitivamente não deve acreditar em tudo que você lê, é verdade. Mas ainda assim, é uma situação assustadora para uma empresa de US$ 38,2 bilhões estar com as receitas estagnadas.
Quanto aos executivos da Oracle, eles não estão olhando para os artigos, como o descrito acima, mas, provavelmente, já notaram que o Amazon Web Services já é enorme e ainda está crescendo bastante, e de forma consistentemente.
Também é visível que tudo está ficando fácil para os “usuários de banco de dados” migrarem para a nuvem, onde a empresa deve cobrar um décimo do que os usuários fazem. É o que dizem.
Isso não significa que os usuários do banco de dados da Oracle estão prestes a desistir da tecnologia. Mas, com certeza, abre mais uma porta através das quais muitos clientes Oracle já passaram.
Por exemplo, se o fornecedor do banco de dados lhes disser que até mesmo os seus aplicativos de banco de dados poderão estar na nuvem, então, o teste do sistema baseado na Amazon não é uma idéia tão rebuscada. Essa é a perspectiva que muitos dos clientes da Oracle têm.
O que vamos falar nesse artigo!
Por essa razão, temos os 5 principais desafios que a Oracle terá na construção de seu negócio baseado na infraestrutura da nuvem(Cloud).
1 – Preços baixos
Nada é menos familiar para a Oracle do que a necessidade de evoluir constantemente com os preços indicando valores para baixo.
A Oracle, ao longo de sua existência, já vendeu, com sucesso, licenças de software, em seguida, melhorou esses softwares para oferecer aos clientes uma nova versão e uma nova licença.
Entre essas vendas da versão, vieram as taxas de manutenção anual de 22%, com uma margem de lucro de 90% – 92%. Foi o que disse a própria companhia aos investidores. Aliás, a margem global da Oracle no quarto trimestre de 2015 foi de 37.
Enquanto isso, a Amazon Web Services informou que teve uma margem de 25% no mesmo período.
Observação: talvez a margem da Amazon não foi tão grande durante a construção intensiva de capital do EC2 e de seus serviços relacionados, mas provavelmente a capitalização entrou dos serviços de automatizados dos quais ela é especialista.
A Amazon não é uma varejista de baixa margem, mas sua cultura é muito mais perto de uma varejista do que a Oracle.
Para igualar a Amazon e aqueles provedores de serviços em nuvem como o Google e a Microsoft, a Oracle terá de promover uma mentalidade de redução de preços em todo o seu modelo de negócios e em todas as suas fileiras.
2 – Código Fonte
Os principais fornecedores de nuvens têm sido fortemente dependentes do código-fonte aberto e ambos estão usando de diversas formas.
A Microsoft é a exceção, mas isso porque ela tem o seu próprio “poço sem fundo” do software Windows que pode ser usado.
Os CEOs Satya Nadella e Azure Mark Russinovich sabem que eles têm que cruzar os programadores de código aberto com os projetos ou então poderão perder um grande pedaço de negócio em nuvem.
As aplicações da próxima geração que estão sendo construídas para uso na nuvem começam com código-fonte aberto. Eles são, por vezes, totalmente open source baseado em componentes e escala. Isso acontece em muitos servidores sem incorrer em taxas de licenciamento de software ou faturamento, sendo apenas para o tempo de serviço em nuvem.
A Oracle está se ajustando a esse método de faturamento da melhor forma possível e oferecerá seu próprio pacote de software de nuvem, conta os CEOs.
Há um nível já estabelecido de desconfiança que será difícil de superar, apesar do fato de que a Oracle tem produtos de código aberto bem-sucedidos dentro de sua oferta, como o MySQL, que é notável para o processo de desenvolvimento do Linux.
3 – Poder para o Cliente
A Amazon mantém pensamentos astutos de novas maneiras que os usuários de TI podem se auto sustentar em um novo serviço na nuvem, assim vinculados aos seus sistemas. Isso faz com que seja simples e barato fazê-lo, como exemplos do serviço de aprendizagem de máquinas e o de streaming de dados Pipe.
A Oracle tem as técnicas para fazer o mesmo, no entanto ela gosta mesmo é de inventar novos serviços. A companhia, desde que teve Ray Lane como presidente em 2000, reverteu para o tipo de empresa impetuosa e confiante que não hesita em dizer aos clientes o que eles estão fazendo de errado, para realizar auditorias.
Na era da nuvem, é hora de um transplante de personalidade, mas essa operação ainda não está disponível.
4 – Hardware de Commodity
A Oracle conta com uma dupla nuvem de hardware e apenas a IBM tentou fazer o mesmo: misturando x86 com servidores Power. No entanto, a Oracle prevê que o mercado da nuvem será um consumidor de seus chips Sparc. Ela investiu em um projeto inovador, altamente seguro para o seu chip M7.
O vice-presidente executivo John Fowler disse que a nuvem representa uma nova oportunidade para a Oracle encontrar um mercado maior para a Sparc, não apenas nos servidores vendidos para empresas no local, mas também nos milhares que serão necessários nos Data Centers Oracle Cloud.
Isso, de fato, seria um novo mercado, desde que os clientes da Oracle desejam converter para o Solaris ou continuar executando o Solaris na nuvem, assim como no local. A Oracle deve convencê-los a fazê-lo em um momento em que a nuvem x86 está provando ser mais segura do que muitos críticos esperavam.
Um ambiente x86 bem gerenciado, altamente uniforme e controlado parece ser suficientemente seguro para muitos dos usuários de nuvem atuais.
5 – Confiança no Cloud
Toda a relação entre o provedor de nuvem e o consumidor é baseada em um alto grau de confiança. É um acordo que invoca conexões entre Data Centers remotas, contas de cartão de crédito, cargas de trabalho, entre outros. E isso sabendo que os respectivos gestores de centros de dados podem nunca se encontrar.
A Amazon tem dominado esse relacionamento e o Google e a Microsoft mostram todos os sinais de que o fazem. Mas se você está esperando o tipo de nuvem que eu descrevi, você vai obtê-lo da Oracle? Apenas os clientes da Oracle podem responder a essa pergunta.
Considere outra pergunta: Você teria comprado Linux do ex-chefe da Microsoft, Steve Ballmer? Ballmer falou que Linux é como “um câncer”. Se Ballmer ainda estivesse na Microsoft, os clientes estariam enviando suas cargas de trabalho Linux para serem executadas no Azure da maneira que estão começando sob Satya Nadella?
De alguma forma, parece-me que o Oracle Cloud vai exigir mais de uma mudança do que Larry Ellison havia previsto.
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Excelente artigo. Trabalho com IAAS Oracle e me parece que ela realmente tem vantagem em relação aos demais quando o ecossistema se resume ao produto Oracle (banco, SOA, ERP, etc…) . No entanto, isso é extremamente limitante em termos de Cloud, que me parece ir pelo caminho de arquitetura aberta e na qual a Oracle não tem qualquer interesse em seguir. O tempo dirá. Abraço!
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Oi Alexandre, tudo bem?
Ficamos felizes com o seu comentário, a única observação é que a Oracle é uma empresa privada que fornece todo o suporte quando alguém contrata os serviços deles, algo muito importante quando estamos falando de empresas que tem sistemas complexos, a arquitetura aberta é algo que por mais que seja apaixonante para profissionais de T.I. ela não é tão legal quando você precisa de um suporte especializado, então acho que existem mercados para os dois e que cada um vai seguir por um caminho, sem um matar o outro.
abs
William Miranda